Thursday, November 11, 2004

Metade




Que a força do medo que tenho nao me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo que acredito nao me tape os ouvidos e a boca.
Porque metade de mim é o que eu grito, mas a outra metade é silêncio.

Que a música que eu ouço ao longe seja linda, ainda que triste.
Que a mulher que eu amo seja sempre amada, mesmo que distante.
Porque metade de mim é partida e a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo nao sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor,
Apenas respeitadas como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimento.
Porque metade de mim é o que eu ouço, mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço.
Que essa tensao que me corroe por dentro seja um dia recompensada.
Porque metade de mim é o que eu penso e a outra metade é um vulcao.

Que o medo da solidao se afaste, que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto o doce sorriso que eu me lembro de ter dado na infância.
Porque metade de mim é a lembrança do que fui, a outra metade eu nao sei...

Que nao seja preciso mais do que uma simples alegria para me fazer aquietar o espírito.
E que o teu silêncio me fale cada vez mais.
Porque metade de mim é abrigo, mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta, mesmo que ela nao saiba.
E que ninguém a tente complicar porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer.
Porque metade de mim é a platéia e a outra metade, a cançao.

E que minha loucura seja perdoada.
Porque metade de mim é AMOR e a outra metade...
Também.

(Oswaldo Montenegro)

1 Deixaram aqui suas Palavra(s) de Amor:

Anonymous

Não conhecia e metade de mim... amou, a outra metade...também! Com a tua permissão, vou levar o poema comigo. Obrigada.
Excelente semana. ;-)**

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