Sunday, October 31, 2004

O Amor

"Quando o amor vos chamar, segui-o,
Embora seus caminhos sejam agrestes e escarpados;
E quando ele vos envolver com suas asas, cedei-lhe,
Embora a espada oculta na sua plumagem possa ferir-vos;
E quando ele vos falar, acreditai nele;
Embora sua voz possa despedaçar vossos sonhos como o vento devasta o jardim.
Pois, da mesma forma por que o amor vos coroa, assim ele vos crucifica.
E da mesma forma por que ele contribui para vosso crescimento, ele trabalha para vossa poda.
E da mesma forma por que ele sobe à vossa altura e acaricia vossos ramos mais tenros que se embalam ao sol,
Assim também, ele desce até vossas raízes e as sacode no seu apego à terra.
Como "feixes de trigo", ele vos aperta junto ao seu coração,
Ele vos debulha para expor a vossa nudez,
Ele vos peneira para libertar-vos das palhas,
Ele vos mói até à extrema brancura,
Ele vos amassa até que vos tornei maleáveis.
Então, ele vos leva ao fogo sagrado e vos transforma no pão místico do banquete divino.
Todas essas coisas, o amor operará em vós para que conheçais os segredos de vossos corações e para que com esse conhecimento, vos convertais no pão místico do banquete divino.
Todavia, se no vosso temor procurardes somente a paz e o gozo do amor,
Então seria melhor para vós que cobrísseis vossa nudez e abandonásseis a eira do amor,
Para entrar no mundo sem estações, onde rireis, mas não todos os vossos risos, e chorareis, mas não todas as vossas lágrimas.


O amor nada dá senão de si próprio e nada recebe senão de si próprio.
O amor não possui e não se deixa possuir.
Pois ele basta a si mesmo.
Quando um de vós ama, que não diga""Deus está no meu coração", mas que diga antes "Eu estou no coração de Deus."
E não imaginai que possais dirigir o curso do amor, pois o amor, se vos achar dignos, determinará ele próprio o vosso curso.
O amor não tem outro desejo, senão o de atingir a sua plenitude.
Se, contudo, amardes e precisardes ter desejos, sejam estes vossos desejos:
"De vos diluirdes no amor e serdes como um riacho que canta sua melodia para a noite;
De conhecerdes a dor de sentir ternura demasiada;
De ficardes feridos por vossa própria compreensão do amor;
E de sangrardes de boa vontade e com alegria;
De acordardes na aurora com o coração alado e agradecerdes por um novo dia de amor;
De descansardes ao meio-dia e meditardes sobre o êxtase do amor;
De voltardes para casa à noite com gratidão;
E de adormecerdes com uma prece no coração para o bem-amado, e nos lábios uma canção de bem-aventurança."

(Gibran Kalil Gibran - O Profeta)

Saturday, October 30, 2004

VERSOS INTIMOS - Para o meu irmaozinho Clelio

VERSOS ÍNTIMOS

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera –
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
(Augusto dos Anjos)
++++++++++++++
Dedico este poema ao meu querido e unico maninho, Clelio. Eu sei que esse poema eh pra la de pessimista (he he he) e como eu ja li em algum lugar, Augusto dos Anjos foi o primeiro "punk", ou o primeiro poeta punk, no caso. Mas o poeta devia ter seus motivos para pensar tao negativamente sobre a vida, sobre o amor...
Mais informacoes sobre Augusto dos Anjos, que tal dar uma olhada no site http://www.vidaslusofonas.pt/augusto_dos_anjos.htm
Um excelente fim de semana para todos!

Thursday, October 28, 2004

REFLEXO



Quando as minhas maos
deixarem de ser acesas...
Serei mais que luz.
Estarei presentemente
dentro dos teus olhos.
E aí me servirás de espelho.
E eu me verei e tu te verás:
Nos meus olhos
e nos teus olhos...

(Cecília Villanova)

+++++++++++++

Este pequeno espaço dedico a minha prima Cecília, jovem poetisa que apenas começa e a quem desejo um grande futuro neste caminho que escolheu como profissao e realizaçao para sua própria vida, a poesia.

Friday, October 22, 2004

Acceptance / Living in the Now

The opportunity of life is very precious and it moves very quickly.

- Ilyani Ywahoo -

That is it! The life that is our is the one we are living today. There is no other. The more we try to hold onto our illusions of what we think it is or what we think is should be, the less time and energy we have to live it.

How many times have we heard about people who worked hard and longed for the day when retirement would come, only to drop dead just before or just after they retired? How fast it all went!

Our lives are so precious. Each moment has the possibility of a new discovery. Yet when it passes, that moment never returns.

Only as I am aware of the present will I have the opportunity to be fully alive.

(Anne Wilson Schaef)

+++++

Pensemos nisso... a vida passa muito rápido e nada melhor do que aproveitar ao máximo cada momento realizando tudo aquilo que acreditamos que seja o melhor para nossas vidas, para a vida daqueles que nos amam e a quem amamos com todo nosso Ser, para o nosso engrandecimento, físico e espiritual... Nossa vida é preciosa, cada momento nos dá a oportunidade de uma nova descoberta... Isso diz tudo!

Thursday, October 21, 2004


Contemplo o lago mudo

Contemplo o lago mudo
Que uma brisa estremece.
Não sei se penso em tudo
Ou se tudo me esquece.
O lago nada me diz,
Não sinto a brisa mexê-lo
Não sei se sou feliz
Nem se desejo sê-lo.
Trêmulos vincos risonhos
Na água adormecida.
Por que fiz eu dos sonhos
A minha única vida?

Fernando Pessoa, 4-8-1930

Wednesday, October 20, 2004

Instantes

Si pudiera vivir nuevamente mi vida.
En la próxima, trataría de cometer más errores,
No intentaría ser tan perfecto;
Me relajaría más.
Seria más tonto de lo que he sido,
De hecho, tomaría muy pocas cosas con seriedad;
Seria menos higiénico.
Correría más riesgos, haría mas viajes,
Contemplaría más atardeceres,
Subiría mas montañas, nadaría mas ríos.
Iría a más lugares donde nunca he ido,
Comería más helados y menos habas,
Tendría más problemas realesY menos imaginarios.


Yo fui una de esas personas que vivió sensata
Y prolíficamente cada minuto de su vida,
Claro que tuve momentos de alegría.
Pero si pudiera volver atrás, trataría de tener
Solamente buenos momentos.
Por si no lo saben, de eso esta hecha la vida, solo de
Momentos; no te pierdas el de ahora.
Yo era uno de esos que nunca iban a ninguna parte
Sin un termómetro, una bolsa de agua caliente,
Un paraguas y un paracaídas, si pudiera volver a vivir
Viajaría más liviano.
Si pudiera volver a vivir, comenzaría a andar descalzo a
Principios de la primavera, y seguiría así hasta concluir
El otoño. Daría mas vueltas en calesita, contemplaría
Mas amaneceres y jugaría con mas niños,
Si tuviera otra vez la vida por delante.
Pero ya ven,
Tengo ochenta y cinco años y se que me estoy muriendo.
(Jorge Luis Borges)

About Christopher Reeve

"He went from looking like a Greek god to becoming Buddha: quiet, contained, but so powerful. And he's such a fighter."
(Robin Williams)

Tuesday, October 19, 2004

Carmen Leticia - 4 Meses





HOLA CARMENCITA CHIQUITA, HOY 19 DE OCTUBRE CUMPLES 4 MESES DE VIDA.
TUS ABUELITOS DE AREQUIPA TE HACEN LLEGAR UN ABRAZO MUY FUERTE, DESEANDOTE QUE SIGAS TAN LINDA COMO HASTA AHORA Y QUE DIOS TE BENDIGA MAS DE LO QUE YA LO HIZO.
DE TODO CORAZON
ABUELITO KELO Y ABUELITA MAFALDA.

En Español

Yo sé que voy a amarte

Yo sé que voy a amarte
Por toda mi vida, yo voy a amarte
En cada despedida, yo voy a amarte
Desesperadamente yo sé que voy a amarte

Y cada uno de mis versos será
Para decirte
Que yo sé que voy a amarte
Por toda mi vida

Yo sé que voy a llorar
A cada ausencia tuya, me harás llorar
Pero cada vez que vuelvas has de borrar
Lo que la ausencia tuya me provocó

Yo sé que voy a sufrir
La eterna descreencia en el vivir
A la espera de vivir a lado tuyo
Por toda mi vida.

Soneto de separación

De repente de la risa se hizo el llanto
Silencioso y blanco como una "bruma"
Y de las bocas unidas se hizo espuma
Y de las manos espalmadas se hizo espanto.

De repente de la calma se hizo el viento
Que de los ojos deshizo la última llama
Y de la pasión, el presentimiento
Y del momento inmóvil, el drama.

De repente, no más que de repente
Se hizo triste el que se hizo amante
Y de solito el que se hizo contento.

Se hizo del amigo próximo el distante
Se hizo de la vida una aventura errante
De repente, no más que de repente.

Adaptación y tradución especial para mi suegro... :o) ... Con perdón a los equivoco, please! :o)

SAUDADE

No silêncio das noites estreladas,
na solidão das trevas, eu perscruto
a voz que triste, sossegado, escuto
na língua misteriosa das ramadas...

Na beleza das noites enluaradas,
quando o espaço perdendo o negro luto
banha-se em prata, e o seu semblante hirsuto
desfaz-se em gazes tênues nas quebradas,



é que eu procuro ser feliz um pouco...
Talvez, quem sabe, eu seja um grande louco,
- não sei se de mentira ou de verdade...

De uma cousa, porém, creio, estou certo:
- é que eu quisera ver, de mim, bem perto
o alguém que me põe louco de saudade!...

JG de Araujo Jorge

Monday, October 18, 2004

AWARENESS



There are no new truths, but only truths that have been recognized by those who have perceived them without noticing.
- Mary McCarthy -

Our greatest learning often come when we are unaware that we are learning something. We can study a technique of focus upon a project for days, and the truth or the essence of it just does not seem to click. Then something happens. The fog clears and we notice that we have moved to a new level of truth without ever knowing how we got there. It was not our straining or tying that brought us to this new level. It was our willingness to be aware of what had already taken place that opened new doors.

We do not control all the processes of our being. Sometimes we have but to notice. That is all.

TODAY has the potential of being a day in which I can recognize the truths working within me.

Anne Wilson Schaef

3 Idiomas

Já que somos uma família internacional, sempre que possível os textos aqui exibidos estaräo disponíveis nos idiomas Português, Espanhol e Inglês, ou em um dos três de cada vez :o)

Una vez que somos una familia internacional, intentaré, siempre que se pueda, escribir los textos en Español, Portugués e Inglés, o en un idioma a la vez :o)

As we're an international family, in the most of the times our texts will be in English, Portuguese and/or Spanish :o)

Sunday, October 17, 2004

Cumplicidades

Cumplicidades

Saturday, October 16, 2004

10 Formas de Mantenerse Sano

1. Vacúnese y vacune a su familia.
2. Manténgase activo.
3. Coma una dieta balanceada.
4. Controle el estrés.
5. No fume.
6. No use drogas ni tome demasiado alcohol.
7. Piense en la seguridad antes que nada.
8. Haga cosas agradables.
9. Apréciese a sí mismo.
10. Promueva la paz.

Tudo que é nobre é difícil de ser alcançado
Spinoza

NOBREZA HUMANA

Possivelmente você já ouviu ao menos falar sobre os três tenores. O italiano Luciano Pavarotti, os espanhóis Plácido Domingo e José Carreras.
É possível mesmo que os tenha assistido pela TV, abrilhantando eventos como a Copa do Mundo de futebol.
O que talvez você não saiba é que Plácido Domingo é madrileno e José Carreras é catalão. E há uma grande rivalidade entre madrilenos e catalães.
Plácido e Carreras não fugiram à regra. Em 1984, por questões políticas, tornaram-se inimigos.
Sempre muito requisitados em todo o mundo, ambos faziam constar em seus contratos que só se apresentariam se o desafeto não fosse convidado.
Em 1987, Carreras ganhou um inimigo mais implacável que Plácido Domingo. Foi surpreendido por um terrível diagnóstico de leucemia.
Submeteu-se a vários tratamentos, como auto-transplante de medula óssea e trocas de sangue. Por isso, era obrigado a viajar mensalmente aos Estados Unidos.
Claro que sem condições para trabalhar, e com o alto custo das viagens e do tratamento, logo sua razoável fortuna acabou.
Sem condições financeiras para prosseguir o tratamento, Carreras tomou conhecimento de uma instituição em Madrid, denominada Fundación Hermosa.
Fora criada com a finalidade única de apoiar a recuperação de leucêmicos.
Graças ao apoio dessa fundação, ele venceu a doença. E voltou a cantar.
Tornando a receber altos cachês, tratou de se associar à fundação. Foi então que, lendo os estatutos, descobriu que o fundador, maior colaborador e presidente era Plácido Domingo.
Mais do que isso. Descobriu que a fundação fora criada, em princípio, para atender a ele, Carreras. E que Plácido se mantinha no anonimato para não o constranger por ter que aceitar auxílio de um inimigo.
Momento extraordinário, e muito comovente aconteceu durante uma apresentação de Plácido, em Madrid.
De forma imprevista, Carreras interrompeu o evento e se ajoelhou a seus pés.
Pediu-lhe desculpas. Depois, publicamente lhe agradeceu o benefício de seu restabelecimento.
Mais tarde, quando concedia uma entrevista na capital espanhola, uma repórter perguntou a Plácido Domingo por que ele criara a Fundación Hermosa. Afinal, além de beneficiar um inimigo, ele concedera a oportunidade de reviver a um dos poucos artistas que poderiam lhe fazer alguma concorrência.
A resposta de Plácido Domingo foi curta e definitiva: "porque uma voz como essa não se podia perder."
..................................
Fazer o bem sem ostentação é grande mérito.
Ainda mais meritório é ocultar a mão que dá. Constitui marca de grande superioridade moral.
Não saber a mão esquerda o que dá a mão direita é uma imagem que caracteriza admiravelmente esse tipo de benefício.
Quando, ao demais, o benefício tem por objetivo maior atender um eventual desafeto, torna-se ainda mais meritório.
A criatura demonstra, com tal atitude, estar acima do comum da humanidade.
Que essa história não caia no esquecimento. E, tanto quanto possível, nos sirva de inspiração e exemplo.

Thursday, October 14, 2004

Cronica da Loucura

O melhor da Terapia é ficar observando os meus colegas loucos. Existem dois tipos de loucos. O louco propriamente dito e o que cuida do louco: o analista, o terapeuta, o psicólogo e o psiquiatra. Sim, somente um louco pode se dispor a ouvir a loucura de seis ou sete outros loucos todos os dias, meses, anos. Se não era louco, ficou.
Durante quarenta anos, passei longe deles. Pronto, acabei diante de um louco, contando as minhas loucuras acumuladas. Confesso, como louco confesso, que estou adorando estar louco semanal. O melhor da terapia é chegar antes, alguns minutos e ficar observando os meus colegas loucos na sala de espera. Onde faço a minha terapia é uma casa grande com oito loucos analistas. Portanto, a sala de espera sempre tem três ou quatro ali, ansiosos, pensando na loucura que vão dizer dali a pouco. Ninguém olha para ninguém. O silencio é uma loucura. E eu, como escritor, adoro observar pessoas, imaginar os nomes, a profissão, quantos filhos têm, se são rotarianos ou leoninos, corintianos ou palmeirenses.
Acho que todo escritor gosta desse brinquedo, no mínimo, criativo.E a sala de espera de um "consultório médico", como diz a atendente absolutamente normal (apenas uma pessoa normal lê tanto Paulo Coelho como ela), é um prato cheio para um louco escritor como eu. Senão, vejamos:
Na última quarta-feira, estávamos: (1)eu, (2)um crioulinho muito bem vestido, (3) um senhor de uns cinqüenta anos e (4)uma velha gorda.Comecei, é claro, imediatamente a imaginar qual seria o problema de cada um deles. Não foi difícil, porque eu já partia do principio que todos eram loucos, como eu. Senão, não estariam ali, tão cabisbaixos e ensimesmados. (2) O pretinho, por exemplo. Claro que a cor, num país racista como o nosso, deve ter contribuído muito para leva-lo até aquela poltrona de vime. Deve gostar de uma branca, e os pais dela não aprovam ou conseguiu entrar como sócio do "Harmonia do Samba"? Notei que o tênis estava um pouco velho. Problema de ascensão social, com certeza. O olhar dele era triste, cansado. Comecei a ficar com pena dele. Depois notei que ele trazia uma mala. Podia ser o corpo da namorada esquartejada lá dentro. Talvez apenas a cabeça. Devia ser um assassino, ou suicida, no mínimo. Podia ter também uma arma lá dentro. Podia ser perigoso. Afastei-me um pouco dele no sofá. Ele dava olhadas furtivas para dentro da mala assassina.
(3 )E o senhor de terno preto, gravata, meias e sapatos também pretos? Como ele estava sofrendo, coitado. Ele disfarçava, mas notei que tinha um pequeno tique no olho esquerdo. Corno, na certa. E manso. Corno mansosempre tem tiques. Já notaram? Observo as mãos. Roía as unhas.Insegurança total, medo de viver. Filho drogado? Bem provável. Como era infeliz esse meu personagem. Uma hora tirou o lenço e eu já estava esperando as lágrimas quando ele assoou o nariz violentamente, interrompendo o Paulo Coelho da outra. Faltava um botão na camisa. Claro, abandonado pela esposa. Devia morar num flat, pagar caro, devia ter dívidas astronômicas. Homossexual?Acho que não. Ninguém beijaria um homem com um bigode daqueles. Tingido.
(4) Mas a melhor, a mais doida, era a louca gorda e baixinha. Que bunda imensa. Como sofria, meu Deus. Bastava olhar no rosto dela. Não devia fazer amor há mais de trinta anos. Será que se masturbaria? Será que era esse o problema dela? Uma velha masturbadora? Não! Tirou um terço da bolsa e começou a rezar. Meu Deus, o caso é mais grave do que eu pensava. Estava no quinto cigarro em dez minutos. Tensa. Coitada. O que deve ser dos filhos dela? Acho que os filhos não comem a macarronada dela há dezenas e dezenas de domingos. Tinha cara também de quem mentia para o analista. Minha mãe rezaria uma Salve-Rainha por ela, se a conhecesse.
Acabou o meu tempo. Tenho que ir conversar com o meu psicanalista. Conto para ele a minha "viagem" na sala de espera. Ele ri, ri muito, o meu psicanalista e diz: "(2) O Ditinho é o nosso office-boy. (3) O de terno preto é representante de um laboratório multinacional de remédios lá no Ipiranga e passa aqui uma vez por mês com as novidades. (4) E a gordinha é a Dona Dirce, a minha mãe. E (1) você, não vai ter alta tão cedo..."

Luis Fernando Verrissimo

Quando refletimos que tudo aquilo que vivenciamos resulta de uma complexa interação de causas e condições, descobrimos que não há uma só coisa a desejar ou de que se lamentar e que, além disso, a raiva e a fixação não surgem tão facilmente. Desta forma, a percepção da interdependência torna nossas mentes mais descontraídas e abertas. (Dalai Lama, O Livro de Dias, Sextante)

Vinicius de Moraes

Eu sei que vou te amar

Eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida, eu vou te amar
Em cada despedida, eu vou te amar
Desesperadamente

Eu sei que vou te amar
E cada verso meu será
Pra te dizer
Que eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida

Eu sei que vou chorar
A cada ausência tua, eu vou chorar
Mas cada volta tua há de apagar
O que esta tua ausência me causou

Eu sei que vou sofrer
A eterna desventura de viver
À espera de viver ao lado teu
Por toda a minha vida.

+++++++++++

Soneto de separação

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.

Oceano Atlântico, a bordo do Highland Patriot, a caminho da Inglaterra, 09.1938
+++++++++
O mais-que-perfeito

Ah, quem me dera ir-me
Contigo agora
Para um horizonte firme
(Comum, embora...)
Ah, quem me dera ir-me!
Ah, quem me dera amar-te
Sem mais ciúmes
De alguém em algum lugar
Que não presumes...
Ah, quem me dera amar-te!
Ah, quem me dera ver-te
Sempre a meu lado
Sem precisar dizer-te
Jamais: cuidado...
Ah, quem me dera ver-te!
Ah, quem me dera ter-te
Como um lugar
Plantado num chão verde
Para eu morar-te
Morar-te até morrer-te...
Montevidéu, 01.11.1958

Fernando Pessoa

Contemplo o lago mudo
Que uma brisa estremece.
Não sei se penso em tudo
Ou se tudo me esquece.
O lago nada me diz,
Não sinto a brisa mexê-lo
Não sei se sou feliz
Nem se desejo sê-lo.
Trêmulos vincos risonhos
Na água adormecida.
Por que fiz eu dos sonhos
A minha única vida?

Fernando Pessoa, 4-8-1930
++++++++++
Dorme enquanto eu velo...
Deixa-me sonhar...
Nada em mim é risonho.
Quero-te para sonho,
Não para te amar.
A tua carne calma
É fria em meu querer.
Os meus desejos são cansaços.
Nem quero ter nos braços
Meu sonho do teu ser.
Dorme, dorme. dorme,
Vaga em teu sorrir...
Sonho-te tão atento
Que o sonho é encantamento
E eu sonho sem sentir.
Fernando Pessoa

Wednesday, October 13, 2004

Carmen Leticia... Lindaaaaaaaaaa!!!

Saturday, October 09, 2004

Happiness

Happiness is to be married with your best friend

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