Monday, June 23, 2008

Mutismo Seletivo

Dedico este post de hoje a uma linda menina, inteligente, alegre, simpática, um anjo precioso em minha vida, minha linda Carmencita, uma princesinha tímida e muda seletiva, que, como qualquer outra criança é total merecedora de todo Amor, Carinho, Afeto e Compreensao possíveis...



Espero com este texto, extraído de várias fontes e estudos pessoais do papai Rafael, ajudar a tantos outros pais que sofrem calados por nao compreender bem sobre este problema nao tao frequente, mas real... O texto é longo, mas vale a pena "perder" um pouco de tempo para poder ler e compreender sobre este problema que afeta 7 em cada 1000 crianças, dos quais 80% sao meninas...



A todos deixo meus beijos, flores, sorrisos eternos e muito Amor a todos os Mudos Seletivos que tanto necessitam de carinho, compreensao e, sobretudo, RESPEITO...


Mutismo Seletivo


Mutismo seletivo é uma condiçao de ansiedade social, onde uma pessoa que é capaz de falar é incapaz de se expressar verbalmente em determinadas situaçoes.

No Manual de Estatística e Diagnose de Desordens Mentais, o Mutismo Seletivo é descrito como uma desordem psicológica pouco frequente nas crianças. Crianças (e adultos) com este tipo de problema sao completamente capazes de falar e compreender a linguagem, mas nao o fazem em determinadas situaçoes sociais, quando é o que se espera deles.
Funcionam normalmente em outras áreas do comportamento e aprendizado, embora se privam severamente de participar em atividades de grupo. É como uma forma extrema de timidez, mas a intensidade e duraçao a distingue. Como por exemplo, uma criança pode passar todo o tempo completamente calado na escola, por anos, mas falar livremente ou excessivamente em casa.

Outras características sao, além da timidez extrema, o retraimento social, a dependencia e o perfeccionismo.

Esta desordem NAO é considerada uma desordem da comunicaçao, pois a maioria das crianças se comunica através de expressores faciais, gestos, etc.

Ao realizar o diagnóstico, pode ser confundido facilmente como um tipo seletivo de Autismo ou Síndrome de Asperger, especialmente se a criança atua de modo retraído na presença do psicólogo. Isto pode levar a um tratamento incorreto.

O Mutismo Seletivo é caracterizado por:


  • Fracasso consistente para falar em situaçoes sociais específicas (por exemplo, na escola, onde existe a expectativa de falar) apesar de expressar-se verbalmente em outras situaçoes.
  • Interfere nas conquistas educacionais ou laborais, ou com a comunicaçao social.
  • O fracasso para falar nao se deve a falta de conhecimento do idioma falado requerido na situaçao social.
  • Nao se considera como uma desordem da comunicaçao (a exemplo da gagueira), e nao ocorre exclusivamente durante uma esquizofrenia ou outra desordem psicótica.
Ainda nao foram estabelecidas as causas, mas há evidencias de que existem um componente hereditário e que também é mais comum em meninas que em meninos e normalmente é percebida antes dos 5 anos de idade embora a maioria dos pais e/ou profissionais somente se apercebam do problema quando a criança começa na vida escolar.

Entre os aspectos negativos estao:

  • Os portadores do Mutismo Seletivo encontram dificuldade em manter contato visual.
  • Com frequencia nao sorriem em público ou em expressoes vazias (sempre em público).
  • Se movem de forma rígida e torpe.
  • Nao podem manejar situaçoes onde se espera que falem normalmente, como uma saudaçao, uma despedida ou um agradecimento.
  • Tendem a preocupar-se mais com as coisas de que o restante das pessoas.
  • Podem ser muito sensíveis ao ruído e ao excesso de gente.
  • Encontram dificuldade em falar sobre si mesmos ou expressar seus sentimentos.
Entre os aspectos positivos estao:

  • Inteligencia e percepçao superior aos demais, sao curiosos.
  • Sao sensíveis aos pensamentos e emoçoes alheias (empatia).
  • Tem um grande poder de concentraçao.
  • Com frequencia tem um bom sentido do que é correto, incorreto e de justiça.
Os fatores mais relevantes no ambito escolar sao:

  • Geraçao de expectativas negativas por parte dos professores e dos alunos com relaçao a possivel evoluçao e normalizaçao da fala da criança com Mutismo Seletivo. Tantos os professores como os colegas pensam e verbalizam que o Mudo Seletivo nao fala, nem vai falar.
  • Acomodaçao do entormo as dificuldades do Mudo Seletivo. O aluno deixa de fazer certas atividades academicas porque nao fala (nao vai ao quadro, nao participa de atividades com perguntas orais), os companheiros se tornam “intérpretes” do Mudo Seletivo, que responde sempre mediante gestos.
  • Diminuiçao de situaçoes em que é necessária a comunicaçao oral. Nem os professores nem os colegas pedem ao Mudo Seletivo respostas orais.
Os fatores relevantes no ambito familiar e social sao:

  • Excessiva atençao recebida pelo fato de nao falar. Há interesse excessivo por parte da família e/ou conhecidos em saber repetidamente se o Mudo Seletivo falou no colégio, e de ter falado, com quem, quanto e como.
  • Alto nível de exigencia por parte dos pais para que falem e falem bem. Os pais se mostram excessivamente exigentes na correçao da fala.
  • Superproteçao familiar. Dependencia excessiva do adulto, com pouco desenvolvimento de hábitos de autonomia pessoal e de comportamentos responsaveis.
Os fatores relevantes relacionados com características de personalidade e condiçoes pessoais:

  • Rigor excessivo, meticulosidade e perfeccionismo que nao permitem ao Mudo Seletivo enfrentar situaçoes das quais tenham medo de fracassar.
  • Excessiva inibiçao social, timidez e retraimento que dificultam relaçoes interpessoais.
As razoes para que se faça uma intervençao o quanto antes, no que se refer ao diagnóstico e tratamento do Mutismo Seletivo, se deve ao fato de, como transtorno, o Mutismo Seletivo forma parte de uma situaçao continua que vai desde os que se comunicam oralmente mas só o fazem de maneira esporádica (aversao a falar), passa pelos que selecionam as pessoas e as situaçoes nas quais vao falar (Mutismo Seletivo) e finaliza com as crianças que vao restringindo progressivamente as situaçoes e as pessoas, até deixar de falar completamente (Mutismo Total).

A experiencia demonstra que se se permite que o problema se mantenha no tempo, nao somente nao desaparecerá, como tamém que com muita probabilidade se agravará. A criança irá ampliando a rejeiçao a falar em mais situaçoes e com mais pessoas. Daí a importancia de intervir o mais cedo possivel.

Dado a origem multicausal do mutismo, a intervençao deve contemplar a atuaçao dos ambitos familiar, social e escolar.

A intervençao deverá ter em conta as seguintes questoes:

  • Tanto as atitudes de superproteçao como as que tendem a minimizar ou ignorar o problema e que tem como objetivo nao provocar sofrimento nas crianças, nao fazem mais que reforçar e incrementar o mutismo.
  • As situaçoes comunicativas naturais nao sao suficientes para superar o mutismo. É necessário planificar e desenhar outras situaçoes, garantindo sempre o exito dos intercambios comunicativos da criança.
  • A exigencia deve ser ajustadas a uma progressao e se deve manter ao longo de todo um processo, evitando a tendencia natural a acomodaçao, no nível alcançado, tanto das crianças, como do ambiente.
  • A necessidade de rigor e sistemática e a diversidade de ambitos afetados exige a coordenaçao de todos os implicados.
O objetivo final da intervençao é que a criança com Mutismo Seletivo seja capaz de interagir verbalmente de forma espontanea com adultos e crianças, na escola e no entorno social e familiar, levando a cabo petiçoes verbais espontaneas e respondendo de forma audível as perguntas que lhes sejam feitas.

É preciso fortalecer a estrutura de personalidade da criança com Mutismo Seletivo, melhorando suas condiçoes pessoais, familiares e sociais, adotando medidas específicas relacionadas com as dificuldades de comunicaçao e fala da criança nas situaçores e contextos sociais concretos, com o objetivo de minimizar a dificuldade e melhorar a situaçao geral.

No entanto, pode haver crianças para as quais estas pautas gerais nao sejam suficientes, nestes casos, o processo de intervençao deverá ser planificada de maneira mais exaustiva e específica, levando em conta as condiçoes e características da criança e dos entornos nos que se desenvolvem.

Pautas para melhorar as condiçoes familiares, pessoais e sociais:

  • Oferecer a criança com Mutismo Seletivo um ambiente seguro, comunicaçao, serenidade, compreensao e afeto.
  • Eliminar atitudes de superproteçao.
  • Manifestar confiança nas possibilidades da criança e na superaçao do problema.
  • Evitar os estilos de autoridade rígidos e a exigencia excessiva da perfeiçao da criança.
  • Desenvolver hábitos corretos de autonomia e rotinas na dinamica familiar adequados a idade da criança em relaçao a alimentaçao, higiene, vestimenta, ordem...
  • Desginar responsabilidades adequadas para a idade da criança e que repercutam positivamente na família.
  • Estabelecer normas básicas de funcionamento no lar.
  • Incidir no positivo, destacando os pontos fortes da criança, reforçando as tarefas que a criança realiza adequadamente e utilizando com frequencia o reforço social.
  • Buscar atividades físicas de caráter lúdico que permitam descarregar as tensoes que experimentam as crianças durante a jornada escolar.
  • Facilitar ao máximo a interaçao com os companheiros, vizinhos e amigos de sua idade (atividades extra-curriculares, saídas, parques, festas, espetáculos).
  • Manter uma comunicaçao recíproca e continuada com a escola para coordenar as açoes.
Pautas específicas para a estimulaçao da fala:

  • Ensinar condutas adequadas de interaçao social nao verbal e verbal (como as saudaçoes, como pedir para brincar, como se aproximar...)
  • Atuar como mediador com outras crianças (começar a brincar com a criança e os outros para facilitar a interaçao entre eles).
  • Brincar com a criança e outras crianças com jogos que requeiram uma produçao verbal limitada (dominó, jogos de cartas, entre outros).
  • Planejar situaçoes que facilitem a comunicaçao verbal com outros (convidar outras crianças a casa, ir as compras, ao parque ou a praça, festas de aniversário...).
  • Reforçar todas as aproximaçoes verbais e nao verbais da criança com outros companheiros (comentar como é agradável estar e brincar com os outros, ter amigos, convidar amigos para visitar a casa...).
  • Ampliar progressivamente o círculo de amigos com os que começa a falar (repetir as situaçoes exitosas com frequencia e introduzir, pouco a pouco, as novas relaçoes).
  • Elminiar comentários que façam referencia a que nao fala, (perguntar se falou na escola, se cantou uma música, quando vai começar a falar...).
  • Nao reclamar nem antecipar consequencias negativas (nao ameaçar com possiveis castigos).
  • Evitar as comparaçoes com outros irmaos, companheiros ou outras crianças.
  • Evitar comentários que sugiram quando pode começar a falar, quando é o momento correto, como pode faze-lo.
  • Nunca forçar a falar em situaçoes sociais nas quais se observe ansiedade excessiva (nao insistir que responda a um cumprimento ou perguntas de amigos ou conhecidos).
Fontes:
es.wikipedia.org/wiki/Mutismo_selectivo
http://www.pnte.cfnavarra.es/creena/002conductuales/Guia%20mutismo%20selectivo.htm, por Carmen Cortez Urban, Consuelo Gallego Gallego, M. Pilar Marco Gallo, Iñaki Martinez Urmeneta, Carlos Ollo Oscariz.

PS: A propósito, Carmencita é uma menina extremamente alegre mas que se expressa oralmente unicamente comigo (a mae), Rafael (o pai) e Lucas (o irmao mais velho). Com os demais familiares e amigos ela se comunica muito bem com gestos, sorrisos, olhares e muita simpatia. Apesar de nao se expressar oralmente com os demais, demonstra carinho e afeto pelos seres queridos, vai normalmente a escolinha, brinca com os amiguinhos, é considerada a melhor aluna de toda a escola, e, para completar, acreditem, fala fluentemente Ingles (o seu idioma nativo), Espanhol e Portugues (suas duas segundas linguas)... Sem sombra de dúvidas, é sim, um verdadeiro anjo... e aí eu me pergunto: "Falar pra que?" (risos) ... :o)

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